domingo, 13 de julho de 2008

Os reflexos do neocolonialismo na gastronomia africana


Como a partilha da África pelos neocolonialistas influenciou a culinária do continente.

O continente africano, nos séculos XIX e XX, sofreu com a chamada partilha afro-asiática proporcionada pelo neocolonialismo. Tal processo deveu-se ao grande desenvolvimento econômico europeu que necessitava de mercados consumidores e fornecedores de produtos e matérias-primas.

Essa carência resultou na utilização dos nativos africanos a fim de enriquecerem as metrópoles colonizadoras nos empreendimentos econômicos como no setor industrial, comercial e agrário. A preocupação civilizadora foi esquecida e a população africana foi deixada à própria sorte.

Todas esses fatos servem para ajudar a explicar o motivo pelo qual o continente africano carece de culinária típica que identifique a cultura dessa região. Até porque é pouco provável que haja uma gastronomia voltada para todo o continente devido às suas enormes dimensões, tanto geográficas como humanas. Mas o questionamento é como a arte da culinária característica dessa região perdeu-se ao longo da história.

Os africanos, como os povos dos restantes continentes, receberam alimentos das regiões européias e inglesas, durante o período do neocolonialismo, que incorporaram na sua dieta, assim como as próprias técnicas culinárias.

No norte da África, regiões da Etiópia e norte do Sudão, habituou-se o cultivo do trigo, tal culinária adquiriu o nome de mediterrânea. Já na África subsariana, onde, em geral, não é o trigo, mas outros vegetais farináceos, que contêm amido, que constituem a base da alimentação dessa região.

Nessas duas localidades e em várias regiões da África, a grande produtividade de arroz e batata produzidos a fim de abastecer o mercado do colonizador estrangeiro aclimataram-se bem no solo africano e, atualmente, pode se dizer que metade das refeições dos nativos têm esses vegetais como fonte de energia.
Já na África austral e oriental, principalmente junto à costa, é o milho, moído em grandes pilões ou nas modernas moagens, que serve para fazer o substrato da culilnária africana. Nas regiões mais afastadas da costa, é o sorgo o cereal indígena que cumpre este papel, enquanto que na África ocidental é o “fufu”, comida feita com amendoim, azeite, banana-da-terra ou mandioca (das regiões mais secas) a base da alimentação.

Uma refeição “tipicamente africana” é formada por um grande prato de arroz ou massa dos vegetais farináceos, que é normalmente dividido criteriosamente pelos membros do agregado familiar, e uma panela com um guisado ou uma salada que acompanha um peixe ou naco de carne grelhada, mas nada que denote tal prato como típico da população da África.

Em síntese, a gastronomia africana perdeu, em partes, sua identidade de identificar a cultura do povo africano. Muito disso, proporcionado pelos conquistadores estrangeiros preocupados com a partilha dos recursos naturais do continente. No entanto, isso não desprestigia pratos maravilhosos reinventados por eles. Aliás, uma das heranças mais importantes da inserção dos negros na sociedade brasileira está na gastronomia.

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