quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Quem manda na mídia brasileira





A RBS é o maior grupo de comunicação social com o controle direto de empresas. Isso acontece por meio de contratos de gaveta não fiscalizados. São dados relevantes como este que o projeto Os Donos da Mídia nos revela. Uma pesquisa de abrangência inédita, com o levantamento de 7.275 veículos de radiodifusão e a análise do oligopólio na mídia brasileira. James Görgen é o coordenador do projeto, que lança um site no mês que vem, para “tornar públicos os dados que o Estado omite”. Ele nos conta os motivos da centralização da mídia no Brasil.



Zero: Quando começou o projeto Os Donos da Mídia?

Görgen: Esse mapeamento da estrutura da comunicação no Brasil começou em 1978, mas não com a gente. O primeiro levantamento foi feito pelo que era um embrião da Intercom. Depois disso a gente começa a mapear, em 1988, as concessões que o Sarney distribuiu para garantir um ano a mais de mandato durante a constituinte. Foi o primeiro trabalho que eu e o Daniel Herz fizemos. Aí teve uma denúncia no Brasil todo, o Sarney teve que vir a público responder – ele e o Antônio Carlos Magalhães, ministro das Comunicações na época. Em 1994, a Célia [Stadnik], esposa do Daniel, fez um TCC em que a gente ajuda a montar esse esquema, com a mesma idéia, a de grupos regionais afiliados aos grandes grupos nacionais.
Isso é o Donos da Mídia. É mostrar a vinculação e como a mídia funciona de uma ponta até a outra. Em 2001, a gente começou uma terceira fase e publicou na Carta Capital o novo mapeamento. Ali se revelou que as cinco principais redes controlavam, direta ou indiretamente, 90% das emissoras de TV do Brasil. E ao mesmo tempo elas juntavam rádios e jornais, 667 veículos.


Zero: E neste ano vocês lançam o site?

Görgen: Sim, agora em 2008 entramos em uma fase nova, com o site. Lá tem todo o mapeamento de 19 mil veículos, e mais ou menos uns 2 mil deles têm vínculo de propriedade cruzada, mas muitos outros não têm. E ao mesmo tempo, metade disso é retransmissora de TV, que não conta como veículo porque não insere programação, só retransmite. Mas mesmo assim, a gente conseguiu mostrar agora que aumentou o número de veículos ligados a essas principais redes, de 667 foi pra 869. E aumentou também o número de redes.

Zero: Então a concentração aumentou?
Görgen: É a gente pode dizer assim, porque houve um maior vínculo, mas ao mesmo tempo cresceu o número de redes. Por exemplo, aumentou o número de redes religiosas desde 2001. A gente tem 33 redes de TV no país e 21 redes de rádio, com abrangência nacional, isso dá 54 redes. E uma pequena parte disso tem essa relação com afiliação, com o resto, a própria rede controla tudo, raramente tem um associado regional. Ou entra por satélite, ou entra por retransmissora, por exemplo, a Rede Vida opera a estrutura no Brasil todo, raramente tem um associado regional. A gente conta tudo isso, mas o interesse é o que a gente chama de sistema central de mídia, dessas redes principais. O sistema central de mídia são os conglomerados que controlam, direta ou indiretamente, pelo menos três suportes, ao mesmo tempo – rádio, TV e jornal –, estão em mais de dois estados, no mínimo, e está vinculado a uma rede nacional. Esse conjunto de empresas formaria esse sistema central por onde flui a coluna vertebral do processo informativo brasileiro.


Reportagem na íntegra de Rafaela Mattevi você encontra no blog do Zero.


Um comentário:

Walter Nomura a.k.a. Tinho disse...

oi adriana !
muito legais os seus blogs !
ainda nao li muita coisa, mas o que li gostei..
vou acompanhar..
beijo